MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS DE IMPORTÂNCIA NOS ALIMENTOS
INTRODUÇÃO
Vários
agentes causadores de doenças no homem podem ser transmitidos pelos
alimentos, tais como: produtos químicos, toxinas naturais de plantas e
de animais, e microroganismos, que podem ser vírus, parasitas, bactérias
patogênicas, e fungos toxinogênicos (FRANCO & LANDGRAF, 2002).
De
um modo geral, a microbiologia de alimentos está relacionada a 3 linhas
gerais: a preservação dos alimentos contra o ataque de microrganismos e
sua ação deletéria, a preparação (produção) de alimentos pelo emprego
de microrganismos, e a detecção e prevenção de intoxicações e infecções
produzidas pela ação de microrganismos e o controle da transmissão de
doenças através deles (CAMARGO et al., 1984).
Os
alimentos, geralmente, estão sujeitos a sofrerem alterações,
estragando-se ou deteriorando-se quando não consumidos logo após a
colheita ou abate, se precauções não forem tomadas para a sua
preservação. Essas alterações podem ser
biológicas, químicas, e físicas. As alterações biológicas são as
alterações resultantes das ações de organismos vivos que estragam ou
decompõem os alimentos logo após sua obtenção, ou durante o seu
processamento e armazenamento. Esses organismos podem ser:
microrganismos, insetos, ácaros ou roedores (SILVA, 2000).
Os
microrganismos provocam alterações nos alimentos, tais como
fermentação, putrefação, modificação na aparência ou pode simplesmente
utilizá-los como veículo de disseminação de doenças. As micotoxicoses
são também importantes na deterioração de alimentos por microrganismos
(no caso, fungos). As alterações por microrganismos ocorrem geralmente
em frutas, hortaliças, carnes leites e ovos. Essas alterações podem
causar doenças nos homens que ingerí-los. Portanto, o dito popular “É pela boca que morremos”, neste caso, é a pura verdade.
Nos
países desenvolvidos, as DVAs (Doenças Veiculadas por Alimentos) surgem
como a segunda maior causa de enfermidades. Só nos Estados Unidos, 76
milhões de pessoas contrairão algum tipo de DVA este ano e, destas 9 mil
morrerão. No Brasil não há estatísticas sobre as DVAs, mas presume-se
que o número seja maior. De acordo com a OMS (Organização Mundial para a
Saúde) anualmente, no mundo, 1,5 bilhão de casos de diarréia em
crianças menores de 5 anos resultam em mais de 3 milhões de mortes.
Outros grupos de risco são os idosos e as grávidas, mas qualquer pessoa
contaminada por algum alimento deve procurar o médico com urgência. A
demora pode custar a vida (WHO, 2006).
A
maioria das DVAs afeta o aparelho digestivo, podendo se estender a
outros órgãos. Sintomas como diarréia, náusea, vômito ou febre são
freqüentes. As bactérias que provocam a deterioração dos alimentos e as
patogênicas, se proliferam em alimentos mal elaborados ou mal
preparados, pois a cocção (alimentos bem cozidos) elimina a maioria
delas. De modo geral, as bactérias patogênicas preferem alimentos com
alto teor protéico, como carnes e aves, frutos do mar, ovos, leite e
derivados (FURLANETTO et al., 1982).
As
bactérias podem estar no alimento no ato da compra ou ingressar nele
após o cozimento. Neste caso, a contaminação ocorre pelo cruzamento do
alimento sadio com outro previamente comprometido ou contaminado pela
higiene precária no momento do preparo, como uma mão mal lavada.
Há
milhares de bactérias (microrganismos) que não nos agridem. Das
bactérias conhecidas no mundo apenas 3% são patogênicas, as demais são
benéficas ao homem, aos outros animais e às plantas.
Segundo FORSYTHE (2002) Os microrganismos causadores de enfermidades transmitidas por alimentos podem divididos em:
- Liberadores de toxina: Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, C. botulinum, Vibrio cholerae, Bacillus cereus, fungos filamentosos.
- Causadores de infecções: Salmonella spp, Escherichia coli, Shigella spp, Vibrio parahaemoliticus, Campilobacter sp, Listeria monocytogenes, Yersinia enterocolitica.
Devido
à importância a saúde publica, a Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo através do Centro de Vigilância Epidemiológica, disponibiliza
eletronicamente vasta literatura sobre doenças causadas por microrganismos (bactérias, vírus e fungos) transmitidas por alimentos e água (SÃO PAULO, 2006).
. BACTÉRIAS
- Aeromonas hydrophyla e outras espécies
Descrição da doença - A. hydrophila pode
causar gastroenterite em indivíduos saudáveis ou septicemia em
indivíduos com sistemas imunes prejudicados. É associada também à
infecções em ferimentos. A. caviae e A. sobria
também podem causar enterite em qualquer um ou septicemia em pessoas
imunocomprometidas. Na atualidade, há controvérsia sobre se A.
hydrophila é uma causa de gastroenterite humana. Embora o organismo
possua vários atributos que poderiam fazê-lo patogênico para humanos,
estudos de alimentação de humano voluntários, com números enormes de
células (1011), fracassaram na elucidação da doença em
humanos. Sua presença nas fezes de indivíduos com diarréia, na ausência
de outro patógeno entérico conhecido, sugere que tenha algum papel na
doença. Igualmente, A. caviae e A. sobria
são considerados patógenos associados à doença diarréica, mas,
provavelmente, não sejam os agentes causadores. Dois tipos distintos de
gastroenterite foram associadas com A. hydrophila: uma
doença cólera-like caracterizada por diarréia extremamente líquida
(arroz e água) e uma disenteria caracterizada por fezes soltas que
contêm sangue e muco. A dose infectiva deste organismo é desconhecida,
mas mergulhadores que ingeriram quantias pequenas de água ficaram
doentes e A. hydrophila foi isolada de suas fezes. Uma
infecção geral sistêmica foi observada em indivíduos com septicemia. Em
ocasiões raras a síndrome disenteria-like é severa e pode durar várias
semanas. A. hydrophila pode espalhar-se ao longo do
corpo e causar uma infecção geral em pessoas imunosuprimidas. Pessoas
que sofrem de leucemia, carcinoma, ou cirrose, aquelas tratadas com
drogas imunossupressoras ou então, que estão recebendo quimioterapia
para câncer estão sob risco da infecção.
Agente etiológico - três espécies são definidas fenotipicamente - A. hydrophila, A. caviae e Aeromonas veronii subtipo sobria. Espécies de Aeromonas são gram-negativo, facultativamente bactérias anaeróbicas. Aeromonas hydrophila é uma das espécies de bactéria que está presente em solo e em todos os ambientes de água doce e salgada. Algumas cepas de A. hydrophila são
capazes de causar doença em peixes e anfíbios como também em humanos
que podem adquirir infecções por feridas abertas ou por ingestão de um
número suficiente de organismos em alimentos ou água. Não se conhece
muito sobre outras Aeromonas spp., mas também são microorganismos aquáticos e foram implicados em doença humana.
Alimentos associados - Peixes e frutos do mar e também em carnes vermelhas (boi, porco e carneiro) e aves.
Descrição da doença
- intoxicação alimentar por B. cereus é a descrição geral da doença,
embora dois tipos de doença sejam causados por dois distintos
metabólitos. O tipo de diarréia da doença é causado por uma proteína de
grande peso molecular, enquanto que, o de vômito, acredita-se, ser
causado por uma proteína de baixo peso molecular, um peptídeo
termo-estável. Os sintomas de diarréia do B. cereus devido à
intoxicações alimentares mimetizam os de intoxicações alimentares por
Clostridium perfringens. O tipo emético de intoxicação alimentar pelo B.
cereus é caracterizado por náusea e vômito e é semelhante aos sintomas
causados por intoxicações por Staphylococcus aureus. Dores abdominais
e/ou diarréia podem estar associadas neste tipo. Algumas cepas de B.
subtilis e B. licheniformis foram isoladas de carneiro e frango
incriminados em episódios de intoxicação alimentar. Estes organismos
produzem uma toxina altamente termo-estável a qual pode ser similar à
toxina do tipo emético produzida pelo B. cereus. Embora nenhuma
complicação específica tenha sido associada com as toxinas do vômito e
da diarréia produzidas pelo B. cereus, outras manifestações clínicas de
invasão ou contaminação têm sido relatadas. Elas incluem infecções
sistêmicas e piogênicas graves, gangrena, meningite séptica, celulite,
abcessos pulmonares, endocardite e morte na infância.
Agente etiológico - B. cereus
é um gram-positivo, facultativamente aeróbico, um formador de esporos,
produtor de dois tipos de toxina - diarréica (termo-lábil) e emética
(termo-estável).
Alimentos associados
- uma larga variedade de alimentos tem sido implicada em surtos tais
como carnes, leite, vegetais e peixes. Os surtos por vômitos estão mais
associados a produtos à base de arroz; entretanto, outros produtos têm
sido implicados em surtos como batatas, massas e queijos. Misturas com
molhos, pudins, sopas, assados e saladas têm sido implicadas
Descrição da doença
-.Brucelose: enfermidade bacteriana generalizada de começo agudo ou
insidioso, caracterizada por febre continua, intermitente ou irregular,
de duração variável, debilidade, cefaléia, suor profuso, perda de peso e
mal estar generalizado. Às vezes, surgem infecções localizadas
supurativas, e são freqüentes infecções subclínicas e não
diagnosticadas. As complicações osteoarticulares são comuns.
Agente etiológico - Brucella abortus, biotipos 1-6 e 9; B. melitensis, biotipos 1-3; B. suis, biotipos1-5, e B. canis.
Alimentos associados - leite cru e produtos lácteos (queijos) provenientes de animais infectados.
Descrição da doença - Campilobacteriose é o nome da doença causada pelo C. jejuni. É também referida como enterite por Campylobacter
ou gastroenterite. Seus principais sintomas são diarréia, que pode ser
líquida ou com muco e conter sangue (geralmente oculto) e leucócitos
fecais; febre, dor abdominal, náusea, dor de cabeça e dores musculares. A
maior parte das infecções é auto-limitada e não necessitando tratamento
com antibióticos. Complicações são relativamente raras, embora essas
infecções possam estar relacionadas à artrite reativa, síndrome
hemolítico-urêmica, septicemia e infecções em outros órgãos. A taxa de
letalidade estimada para as infecções por C. jejuni é de
0,1 óbitos por mil casos. Fatalidades são raras em indivíduos saudáveis
e costumam ocorrer em pacientes com câncer ou outras doenças
debilitantes. Estão registrados em literatura 20 casos de aborto séptico
por C. jejuni. Meningite, colite recorrente,
colecistite aguda e Síndrome de Guillain-Barré (SGB) são complicações
mais raras. Estima-se que 1 caso por 1000 infecções diagnosticadas
evoluem para SGB, uma paralisia que dura várias semanas e requer
cuidados intensivos. É quadro importante para diagnóstico diferencial de
botulismo.
Agente etiológico - C. jejuni
é um gram-negativo em forma de bacilo, curvado, fino e mótil. É um
organismo microaerofílico que exige baixos níveis de oxigênio. É
relativamente frágil e sensível no meio ambiente, tendo sido reconhecido
recentemente como um importante patógeno entérico, despontando em
vários países, e em especial nos EEUU, como uma das principais causas de
doença diarréica bacteriana, mais que a Shigella spp. e Salmonella spp. juntas.
Alimentos associados - frangos,
leite cru e água não clorada. Galinhas saudáveis podem ser portadoras
do patógeno no trato intestinal, assim como gado e moscas nas fazendas
carregam a bactéria.
Descrição da doença - Botulismo é uma doença resultante da ação de uma potente toxina produzida por uma bactéria denominada Clostridium botulinum,
habitualmente adquirida pela ingestão de alimentos contaminados
(embutidos e conservas em latas e vidros), de ocorrência súbita,
caracterizada por manifestações neurológicas seletivas, de evolução
dramática e elevada letalidade. Pode iniciar-se com vômitos e diarréia
(mais comum a constipação), debilidade, vertigem, sobrevindo logo em
seguida, alterações da visão (visão turva, dupla, fotofobia), flacidez
de pálpebras, modificações da voz (rouquidão, voz cochichada, afonia, ou
fonação lenta), distúrbios da deglutição, flacidez muscular
generalizada [acentuando-se na face, pescoço (cabeça pendente) e
membros], dificuldade de movimentos, agitação psicomotora e outras
alterações relacionadas com os nervos cranianos, podendo provocar
dificuldades respiratórias, cardiovasculares, levando à morte por parada
cárdio-respiratória.
Agente etiológico e toxina - o Clostridium botulinum,
é um bacilo Gram positivo, que se desenvolve em meio com baixa
concentração de oxigênio (anaeróbio), produtor de esporos, encontrado
com freqüência no solo, em legumes, verduras, frutas, fezes humanas e
excrementos animais. Estes anaeróbios para desenvolverem a toxina
necessitam de pH básico ou próximo do neutro. São descritos 7 tipos de Clostridium botulinum
(de A a G) os quais se distinguem pelas características antigênicas das
neurotoxinas que produzem. Os tipos A, B, E, e o F (este último, mais
raro), são os responsáveis pela maioria dos casos humanos. Os tipos C e D
são causas da doença do gado e outros animais. O tipo E, em seres
humanos, está associado ao consumo de pescados e frutos do mar. Alguns
casos do tipo F foram atribuídos ao C. baratii ou C. butyricum.
A toxina é uma exotoxina ativa (mais que a tetânica), de ação
neurotrópica (ação no sistema nervoso), e a única que tem a
característica de ser letal por ingestão, comportando-se como um
verdadeiro veneno biológico. É letal na dose de 1/100 a 1/120 ng. Ao
contrário do esporo, a toxina é termolábil, sendo destruída à
temperatura de 65 a 80º C por 30 minutos ou à 100 º C por 5 minutos.
Alimentos associados: através do consumo de alimentos insuficientemente esterilizados, e consumidos sem cocção prévia, que contém a toxina
Descrição da doença
– Intoxicação alimentar é uma desordem intestinal caracterizada por
início súbito de cólica abdominal, acompanhada de diarréia; náusea é
comum, mas vômitos e febre geralmente estão ausentes. Dura em torno de
24 horas; em idosos ou enfermos pode durar até 2 semanas. Um quadro mais
sério pode ser causado pela ingestão de cepas tipo C que provocam a
enterite necrotizante ou doença de Pigbel (dor abdominal aguda, diarréia
sanguinolenta, vômitos, choque e peritonite), com 40% de letalidade.
Agente etiológico - C. perfringens é um gram-positivo, anaeróbico, produtor de esporos. A doença é produzida pela formação de toxinas no organismo.
Alimentos associados
- São freqüentes os surtos em instituições como escolas, hospitais,
prisões, etc., onde há larga produção de alimentos preparados com muita
antecedência antes de serem servidos.
- Escherichia coli enteroinvasiva
Descrição da doença – é uma doença inflamatória da mucosa intestinal e da submucosa causada por cepas EIEC (E. coli
Entero Invasiva) com um quadro de diarréia líquida, dor abdominal
severa, vômitos, tenesmo, cefaléia, febre, calafrios e mal-estar
generalizado, semelhante ao produzido pela Shigella. Em
seguida à ingestão da EIEC, os microrganismos invadem as células
epiteliais do intestino, resultando em forma de disenteria leve,
geralmente confundida com a causada por espécies de Shigella.
Em menos de 10% de pacientes ela progride para fezes com sangue e muco.
Imagina-se ser a dose infectante cerca de 10 organismos (a mesma que
para Shigella).
Agente etiológico - a E.coli
faz parte da flora intestinal normal dos homens e outros primatas,
sendo que uma minoria das suas cepas causa doenças por vários mecanismos
diferentes. Entre essas, estão as cepas enteroinvasivas (EIEC), sendo
os principais sorogrupos O28ac, O29, O112, O124, O136, O143, O144, O152,
O164 e O167.
Alimentos associados
- há evidências de que a transmissão é feita através de alimentos
contaminados. Os alimentos que, normalmente, podem abrigar a EIEC são
desconhecidos, mas qualquer alimento contaminado com fezes humanas de
indivíduo doente, seja diretamente ou via água contaminada, pode causar
doença em outras pessoas. Hambúrguer e leite não pasteurizado têm sido
associados a surtos por EIEC.
- Escherichia coli enteropatogênica (EPEC)
Descrição da doença - diarréia infantil é o nome da doença associada à E. coli
enteropatogênica (EPEC). Causa diarréia líquida com muco, febre e
desidratação. Essas bactérias ligam-se às células membranosas das placas
de Peyer e rompem o gel mucoso suprajacente da célula do hospedeiro. A
diarréia em crianças pode ser severa e prolongada, com elevada
percentagem de casos fatais; uma taxa de 50% de letalidade tem sido
relatada nos países em desenvolvimento.
Agente etiológico - E. coli
enteropatogênica (EPEC), faz parte do grupo das E. coli
enterovirulentas (EEC) que causam gastroenterites em humanos. Pertencem
ao sorogrupo epidemiologicamente implicado como patogênico com
mecanismos de virulência não relacionados à excreção de enterotoxinas
típicas de E. coli. É um gram-negativo da família das Enterobacteriaceae.
Alimentos associados - qualquer alimento contaminado com fezes de hospederiro (homem, suínos, bovinos)
- Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC)
Descrição da doença
- gastroenterite conhecida como diarréia dos viajantes, tem como quadro
clínico diarréia líquida, dor abdominal, febre baixa, náusea e
mal-estar. A doença é usualmente auto-limitada, durando não mais que 5
dias, exigindo contudo, em crianças e idosos debilitados, reposição
hidro-eletrolítica.
Agente etiológico - E. coli
enterotoxigênica (ETEC). Causa freqüentemente diarréia em crianças em
países menos desenvolvidos e em visitantes de países industrializados às
áreas menos desenvolvidas. É doença tipo cólera-like, tendo sido
descrita há cerca de 20 anos. Cepas de ETEC elaboram uma toxina
termo-lábil (LT), uma toxina termo-estável (ST) ou ambas toxinas
(LT/ST). Estudos em voluntários adultos sobre dose infectiva indicaram
que é necessário uma dose alta - 100 milhões a 10 bilhões da bactéria
para se estabelecer a colonização do intestino delgado, onde os
organismos proliferam e produzem toxinas as quais induzem secreção de
fluidos. Com essa dose alta a diarréia é induzida dentro de um período
de 24 horas.
Alimentos associados
- ETEC não é considerada uma séria doença transmitida por alimentos em
países com bom padrão sanitário e boas práticas de preparação dos
alimentos. A contaminação da água com esgoto pode levar à contaminação
dos alimentos. Manipuladores de alimentos infectados podem também
contaminar os alimentos.
- Escherichia coli O157:H7 - enterohemorrágica (EHEC)
Descrição da doença - A Escherichia coli
sorotipo O157:H7, tida como uma bactéria emergente, causa um quadro
agudo de colite hemorrágica, através da produção de grande quantidade de
toxina, provocando severo dano à mucosa intestinal. O quadro clínico é
caracterizado por cólicas abdominais intensas e diarréia, inicialmente
líquida, mas que se torna hemorrágica na maioria dos pacientes.
Ocasionalmente ocorrem vômitos e a febre é baixa ou ausente. Alguns
indivíduos apresentam somente diarréia líquida. A doença é
auto-limitada, com duração de 5 a 10 dias. Aproximadamente 15% das
infecções por E. coli O157:H7, especialmente em crianças
menores de 5 anos e idosos, podem apresentar uma complicação chamada
Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU) , caracterizada por destruição das
células vermelhas do sangue e falência renal que pode ser acompanhada de
deterioração neurológica e insuficiência renal crônica. Embora a SHU
possa ser determinada por outros patógenos, nos Estados Unidos, a
maioria dos casos se deve à infecção pela E. coli
O157:H7 e ela é também a principal causa da falência renal aguda em
crianças. Estima-se a ocorrência de 73.000 casos de infecção, 2.100
hospitalizações e 61 casos fatais( letalidade de 3% a 5%), anualmente
naquele país. No Estado de São Paulo, um estudo vem sendo conduzido pelo
CVE para determinar a situação dessa síndrome no Estado e para
estabelecer um ponto de partida para a introdução do sistema de
vigilância da bactéria e da SHU. A infecção por E. coli
O157:H7 também pode desencadear um quadro de Púrpura Trombocitopênica
Trombótica (PTT), caracterizada por anemia hemolítica microangiopática,
trombocitopenia, manifestações neurológicas, insuficiência renal e
febre. Enquanto que na SHU a insuficiência renal é mais freqüente e
severa, na PTT predominam as manifestações neurológicas, embora estes
não sejam critérios de distinção entre estas síndromes.
Agente etiológico etoxina - A Escherichia coli
é um bacilo gram-negativo componente da flora normal do intestino
humano e de animais saudáveis, impedindo o crescimento de espécies
bacterianas nocivas e sintetizando apreciável quantidade de vitaminas (K
e do complexo B). Atualmente, existem 6 grupos reconhecidos de E. coli
patogênicas, referidas como EEC, que causam gastroenterites em humanos:
as enteropatogênicas, as enterotoxigênicas, as enteroinvasivas, as
enterohemorrágicas, as enteroagregativas e as difuso-adetentes. No grupo
das enterohemorrágicas (EHEC), a E. coli O157:H7 é o sorotipo mais
comum e mais estudado. Os conhecimentos atuais sugerem que, ao longo do
tempo, a E. coli foi infectada por um vírus que inseriu
seu DNA no cromossomo da bactéria e um de seus genes passou a conter a
informação para a produção de toxina "Shiga-like". Estas toxinas, também
chamadas verotoxinas, estão intimamente relacionadas, em estrutura e
atividade, à toxina produzida pela Shigella dysenteriae.
Alimentos associados – Principalmente os alimentos de origem bovina, carne moída, cru ou mal passada e leite cru. Entre outras fontes de infecção conhecidas estão os brotos de alfafa, alface, salame, leite e sucos não pasteurizados.
Descrição da doença - Listeriose é a denominação de um grupo geral de desordens causadas pela L. monocytogenes
que incluem septicemia, meningite (ou meningoencefalite), encefalite,
infecção cervical ou intra-uterina em gestantes, as quais podem provocar
aborto (no segundo ou terceiro trimestre) ou nascimento prematuro.
Outros danos podem ocorrer como endocardite, lesões granulomatosas no
fígado e outros órgãos, abscessos internos ou externos, e lesão cutânea
papular ou pustular. Essas desordens comumente
são precedidas por sintomas semelhantes ao da gripe com febre
persistente. Sintomas gastrointestinais como náusea, vômitos e diarréia,
podem preceder ou acompanhar as manifestações mais graves da doença. a
70%.
Agente etiológico - L. monocytogenes.
É um gram-positivo mótil, que causa infecções em humanos por serovars
I/2a, I/2b e 4b. A dose infectiva é desconhecida, mas, acredita-se,
variar conforme a cepa e a susceptibilidade da vítima. Em casos
contraídos através de leite pasteurizado ou cru afirma-se que em pessoas
suscetíveis, menos de 1.000 organismos podem causar a doença.
Alimentos associados - queijos, leite, carnes, peixes, frutos do mar e outros
Descrição da doença - Gastroenterite é a doença causada pela P. shigelloides. Normalmente
é uma doença auto-limitada, moderada, apresentando febre, calafrios,
dor abdominal, náusea, diarréia, ou vômito; a diarréia é geralmente
líquida, sem muco e sem sangue; em casos severos a diarréia pode ser
amarelo-esverdeado, espumosa, e com grumos de sangue; a duração de
doença em pessoas saudáveis pode ser de 1 a 7 dias. Presume-se que a
dose infecciosa necessária seja bastante alta, no mínimo > 1 milhão
de organismos. A infecção por P. shigelloides pode
causar diarréia com duração de 1-2 dias em adultos saudáveis. Porém,
pode causar febre alta e calafrios e sintomas como disenteria prolongada
em bebês e em crianças menores 15 anos de idade. Complicações
extra-intestinais (septicemia e morte) podem ocorrer em indivíduos
imunocomprometidos ou gravemente enfermos, isto é, com câncer, desordens
cardio-vasculares ou doenças hepatobiliares.
Agente etiológico – Plesiomonass shigelloides. É
um gram-negativo, isolado de água e peixes de água doce, moluscos e de
muitos tipos de animais inclusive, de gado, cabras, suínos, gatos,
cachorros, macacos, urubus, cobras e sapos. Suspeita-se que a maioria
das infeções humanas por P. shigelloides são
transmitidas pela água. O organismo pode estar presente em água
contaminada usada como água potável ou de recreação, ou água utilizada
para lavar alimentos que são consumidos sem cozinhar ou sem aquecimento.
A ingestão de P. shigelloides nem sempre causa doença
no animal hospedeiro, mas, pode residir temporariamente como agente não
infeccioso na flora intestinal. A bactéria foi isolada de fezes de
pacientes com diarréia, mas, também tem sido isolada de indivíduos
saudáveis (0,2 a 3,2% na população). Ainda que haja uma associação com a
doença diarréica, não pode ser considerada uma causa definitiva de
doença humana.
Alimentos associados – Água ou qualquer alimento contaminado.
Descrição da doença - É uma toxinfecção alimentar, genericamente se enquadrando no grupo de doenças designadas por Salmoneloses. A
pessoa infectada geralmente tem febre, cólicas abdominais e diarréia. A
doença usualmente dura de 4 a 7 dias, e a maioria das pessoas se
recupera sem tratamento com antibiótico. Entretanto, a diarréia pode ser
severa, e o paciente necessitar ser hospitalizado. Em pacientes idosos,
crianças, gestantes e pessoas com sistema imune comprometido a doença
pode ser mais grave. Nesses pacientes, a infecção pode se disseminar
através da corrente sangüínea para outros sítios e pode causar a morte,
se a pessoa não for prontamente tratada com antibiótico.
Agente etiológico - é uma bactéria móvel, com morfologia de bacilo Gram negativo. A Salmonella enterica, subespécie enterica, sorotipo Enteritidis (S.Enteritidis) é um enteropatógeno classificado no gênero Salmonella, pertencente à família Enterobacteriaceae. Existem atualmente 2324 sorotipos de Salmonella dos quais 1367 pertencem à subespécie enterica. É
freqüentemente encontrada no trato intestinal de animais, domésticos e
selvagens, sendo muito comum em aves. No Brasil, significativo aumento
de S. enteritidis foi detectado a partir de 1993, tornando-se desde 1994, o sorotipo de Salmonella
mais freqüentemente isolado de casos de infecções humanas e também de
materiais de origem não humana, principalmente de alimentos destinados
ao consumo humano.
Alimentos associados – é
transmitida por alimentos contaminados e ingeridos crus ou mal cozidos.
Estes alimentos são freqüentemente de origem animal, sendo carne de
frangos e principalmente ovos.
Descrição da doença
- A febre tifóide é uma doença bacteriana aguda, de gravidade variável
que se caracteriza por febre, mal-estar, cefaléia, náusea, vômito e dor
abdominal, podendo ser acompanhada de erupção cutânea. É uma doença
endêmica em muitos países em desenvolvimento, particularmente, no
Subcontinente Indiano, na América do Sul e Central, e África, com uma
incidência (por 100.000 habitantes por ano) de 150 na América do Sul e
900 na Ásia. A doença pode ser fatal se não tratada e mata cerca de 10%
de todas as pessoas infectadas.
Agente etiológico - é causada pela Salmonella typhi, subespécie enterica
sorotipo Typhi, que é um patógeno especificamente humano. É uma
bactéria com morfologia de bacilo Gram negativo, móvel, pertencente à
família Enterobacteriaceae. Possui alta infectividade, baixa
patogenicidade e alta virulência, o que explica a existência de
portadores (fontes de infecção não doentes) que desempenham importante
papel na manutenção e disseminação da doença na população. A S. Typhi
é bastante resistente ao frio e ao congelamento, resistindo também ao
calor de 60 °C por uma hora. É pouco resistente à luz solar. Conserva
sua vitalidade em meio úmido e sombrio e na água. É bastante sensível ao
hipoclorito, motivo pelo qual a cloração da água é suficiente para sua
eliminação.
Alimentos associados
- A via de transmissão é a fecal-oral. Se transmite, na maioria das
vezes, através de comida contaminada por portadores, durante o processo
de preparação e manipulação dos alimentos.
Descrição da doença –Siguelose é doença bacteriana aguda que envolve o intestino delgado, conhecida como disenteria bacilar.
Caracteriza-se por dor abdominal e cólicas, diarréia com sangue, pus ou
muco; febre, vômitos e tenesmo. Em alguns casos a diarréia pode ser
líquida. Geralmente, trata-se de infecção auto-limitada, durando de 4 a 7
dias. Em crianças jovens, convulsão pode ser uma complicação grave. As
infecções graves estão associadas a uma ulceração da mucosa, com
sangramento retal e dramática desidratação. Algumas cepas são
responsáveis por uma taxa de letalidade de 10 a 15% e produzem uma
enterotoxina tipo Shiga (semelhante à verotoxina da E. coli O157:H7),
podendo causar a síndrome hemolítico-urêmica (SHU), a Doença de Reiter e
artrite reativa. A dose infectiva é cerca de 10 células dependendo das
condições de saúde do hospedeiro e idade.
Agente etiológico - Shigella spp.: Shigella sonnei, Shigella boydii, Shigella flexneri e Shigella dysenteriae. É um gram-negativo, tipo bacilo, não mótil, e não formador de esporos.
Alimentos associados
- via fecal-oral. Portadores do patógeno podem transmitir a infecção
devido às mãos mal lavadas, unhas sujas de matéria fecal após defecação,
contaminando alimentos e objetos que podem favorecer a disseminação da
infecção. Água e leite podem ser contaminados por fezes provocando a
infecção. Moscas carregam o patógeno para os alimentos a partir de
latrinas e de disposição inadequada de fezes e esgotos. Alimentos
expostos e não refrigerados constituem um meio para sua sobrevivência e
multiplicação.
Descrição da doença
- intoxicação alimentar estafilocócica e não infecção ou
estafiloenterotoxemia é o nome como a doença é conhecida. Geralmente de
início abrupto e violento, com náusea, vômitos e cólicas, prostração,
pressão baixa e temperatura subnormal. Alterações na freqüência cardíaca
podem também ser observadas. A recuperação ocorre em torno de dois
dias, porém, alguns casos podem levar mais tempo ou exigir
hospitalização. A morte é rara; contudo, pode ocorrer em crianças,
idosos e indivíduos debilitados. O diagnóstico é fácil, especialmente
quando há um grupo de casos, com predominância de sintomas
gastrointestinais superiores e com intervalo curto entre o início dos
sintomas e ingestão de um alimento comum.
Agente etiológico - Staphylococcus aureus é
uma bactéria esférica (coccus) que aparece aos pares no exame
microscópico, em cadeias curtas ou em cachos similares aos da uva ou em
grupos. É um gram positivo, sendo que algumas cepas produzem uma toxina
protéica altamente termo-estável que causa a doença em humanos. A toxina
é produto da multiplicação da bactéria nos alimentos deixados em
temperaturas inadequadas.
Alimentos associados
– Alimentos contaminados por seres humanos na maioria das vezes. A
transmissão ocorre devido a ferimentos nas mãos ou outras lesões
purulentas ou secreções que contaminam os alimentos durante sua
manipulação. Cerca de 25% das pessoas são portadores nasais. Úberes
infectados de vaca, pássaros e cachorros também podem transmitir a
bactéria
Descrição da doença
– A cólera é uma doença infecciosa intestinal aguda, de transmissão
predominantemente hídrica, que se caracteriza, em sua forma mais
evidente, por diarréia aquosa súbita, profusa e sem dor, vômitos
ocasionais, desidratação rápida, acidose e colapso circulatório. A
infecção assintomática é muito mais freqüente do que a aparição do
quadro clínico, especialmente no caso do biotipo El Tor, onde são comuns
os casos leves, somente com diarréia, particularmente em crianças. Em
casos graves não tratados, a pessoa pode morrer em horas e a taxa de
mortalidade exceder 50%. Com tratamento adequado a taxa é menor que 1%. O
vibrião colérico produz enterotoxina que parece ser totalmente
responsável pela perda maciça de líquidos O V. cholerae, ao
penetrar no intestino delgado, em quantidade suficiente para produzir
infecção , inicia processo de multiplicação bacteriana, elaborando a
enterotoxina que induz a secreção intestinal, associada à secreção de
AMP-cíclico intestinal
Agente etiológico e toxina - o Vibrio cholerae,
ao exame microscópico de esfregaços corados pelo método de Gram é um
bacilo Gram negativo e se apresenta na forma de bastonete encurvado. É
um bacilo móvel. Pertence ao gênero Vibrio e à família Vibrionaceae. Pode ser classificado em 2 biotipos: o clássico e El Tor. Dependendo da constituição antigênica o Vibrio cholerae O1
pode ser dividido em 3 sorotipos: Inaba, Ogawa e Hikojima. Cepas
toxigênicas destes microrganismos elaboram a mesma enterotoxina, de tal
forma que o quadro clínico é semelhante. Em uma epidemia tende a
predominar um tipo particular.
Toxina colérica - A enterotoxina colérica é a causa principal da diarréia maciça causada pelo V.cholerae. A
patogênese da cólera está intimamente associada à produção e ação desta
toxina sobre as células epiteliais do intestino delgado. Os bacilos
penetram no organismo humano por via oral e, após ultrapassarem a
barreira gástrica, colonizam o intestino delgado produzindo a toxina
colérica, seu principal fator de virulência.
Alimentos associados - via fecal-oral, com ingestão de água e alimentos contaminados.
Descrição da doença - Gastroenterite associada ao V. parahaemolyticus
é o nome da doença causada por este organismo. Diarréia líquida, cólica
abdominal, náusea, vômitos, dor de cabeça, febre e calafrios são
sintomas que podem estar presentes na infecção por este organismo.
Ocasionalmente, diarréia com sangue ou muco pode ser observada. A doença
é geralmente leve ou moderada, embora alguns casos podem requerer
hospitalização. A duração da doença pode variar de 2 a 7 dias. Infecção
sistêmica e morte raramente ocorrem. A doença é causada quando o
organismo fixa-se no intestino delgado dos indivíduos e excreta uma
toxina ainda não identificada. A dose infectiva para causar a infecção é
geralmente maior que 1 milhão de organismos, podendo ser menor quando
se faz uso de antiácidos.
Agente etiológico - Vibrio parahaemolyticus e outros Vibrios marinhos que podem veicular doenças através dos alimentos - Vibrio spp.
Foram identificados 12 diferentes grupos de antígeno "O" e
aproximadamente 60 diferentes antígenos tipo "K". Cepas patogênicas são
geralmente capazes de produzir uma reação hemolítica característica -
fenômeno de Kanagawa.
Alimentos associados - peixes e moluscos marinhos crus.
- Yersinia enterocolitica e
- Yersinia pseudotuberculosis
Descrição da doença - Yersiniose é o nome atribuído a uma gastroenterite veiculada por alimentos e causada por duas espécies patogênicas do gênero Yersinia (Y. enterocolitica e Y. pseudotuberculosis)
que se caracteriza por diarréia aguda e febre (principalmente em
crianças jovens), dor abdominal, linfadenite mesentérica aguda simulando
apendicite (em crianças mais velhas e adultos), com complicações em
alguns casos como eritema nodoso (em cerca de 10% dos adultos,
principalmente mulheres), artrite pós-infecciosa (50% dos adultos
infectados) e infecção sistêmica. Diarréia sanguinolenta pode ocorrer em
10 a 30% das crianças infectadas por Y. enterocolitica.
A bactéria pode causar também infecções em outros locais como feridas,
juntas e trato urinário. Uma terceira espécie patogênica, a Y. pestis, agente causal da "peste" e geneticamente similar à Y. pseudotuberculosis, infecta humanos por outras vias que não o alimento.
Agente etiológico - Y. enterocolitica e Y. pseudotuberculosis são bacilos gram-negativo. Y. enterocolitica
não faz parte da flora normal humana, mas, tem sido isolada,
freqüentemente, de fezes, feridas, escarro e linfonodos mesentéricos de
seres humanos. Y. pseudotuberculosis tem sido isolada do
apêndice doente de humanos. Ambas espécies são encontradas em animais
como porcos, pássaros, esquilos, gatos e cachorros. Somente a Y. enterocolitica
foi detectada em meio ambiente (lagos, tanques) e alimentos (carnes,
sorvetes e leite). A dose infectiva permanece ainda desconhecida.
Alimentos associados - transmissão fecal-oral através da água e alimentos contaminados, ou por contato com pessoas ou animais infectados. A Y. enterocolitica tem sido isolada de uma grande variedade de alimentos, mais comumente de produtos a base de carne suína
2. VIRUS
Descrição da doença
– início usualmente abrupto com febre, mal estar, anorexia, náusea e
desconforto abdominal, e aparecimento de icterícia dentro de poucos
dias. O quadro pode ser leve, com duração de 1 a 2 semanas, ou mais
grave, podendo durar meses, ainda que seja uma situação rara. A
convalescença é muitas vezes prolongada. A severidade, em geral está
relacionada com a idade, mas geralmente o curso é benigno, sem seqüelas
ou recorrências. Muitas infecções são assintomáticas, anictéricas ou
leves, especialmente em crianças, e diagnosticadas apenas através de
testes laboratoriais. A letalidade relaciona-se com a idade; estima-se
em 0,1% para crianças menores de 14 anos, chegando a 1,1% para pessoas
maiores de 40 anos. Indivíduos com hepatopatias crônicas apresentam
maior risco para desenvolvimento de hepatite fulminante.
Agente etiológico - vírus RNA, de 27 nm de diâmetro, possui um único sorotipo, classificado como Hepatovirus e membro da família Picornaviridae.
Alimentos associados
- Vários tipos de alimentos podem estar implicados, inclusive, os
cozidos, se contaminados por contato manual após o cozimento. Alimentos
crus, como frutas (especialmente morangos), verduras (alface e outras
verduras de folha) e mariscos podem transmitir a doença, quando
cultivados com água contaminada.
Descrição da doença - a
doença causada pelo vírus da hepatite (HEV) é denominada hepatite E, ou
hepatite não-A não-B transmitida por via entérica. Outros nomes incluem
hepatite não-A não-B fecal-oral, e hepatite não-A não-B epidêmica. Essa
doença não deve ser confundida com outras hepatites também denominadas
hepatites não-A não-B transmitidas por via parenteral, como a hepatite C
ou outras. A hepatite causada por HEV é clinicamente similar ao quadro
produzido pela hepatite A. Os sintomas incluem indisposição, anorexia,
dor abdominal, artralgia e febre. A dose infectante não é conhecida. A
taxa de letalidade é similar à da hepatite A , de 0,1 a 1%, exceto em
grávidas, onde a taxa pode alcançar 20% entre aquelas infectadas durante
o terceiro trimestre de gravidez. São conhecidos casos esporádicos e
surtos pelo HEV.
Agente etiológico - o
vírus da hepatite E é uma partícula com um diâmetro de 32 a34nm, que
pode ser encontrado nas fezes durante a fase aguda precoce da infecção
com um coeficiente de sedimentação de 183 S (comparado com o da HAV de
157 S).
Alimentos associados - água e alimentos contaminados e pessoa-a-pessoa, por via fecal-oral.
Descrição da doença
- a infecção pelo rotavírus varia de um quadro leve, com diarréia
aquosa e duração limitada à quadros graves com desidratação, febre e
vômitos, podendo evoluir a óbito. Praticamente todas as crianças se
infectam nos primeiros 3 a 5 anos de vida, mesmo nos países em
desenvolvimento, mas os casos graves ocorrem principalmente na faixa
etária de 3 a 35 meses. No Brasil, e também em São Paulo, os dados
relativos à incidência são bastante limitados. Nos Estados Unidos, é a
principal causa de diarréia grave. Estima-se que essa doença seja
responsável por 5 a 10% de todos os episódios diarreicos em crianças
menores de 5 anos. Também aparece como causa freqüente de
hospitalização, atendimentos de emergência e consultas médicas, sendo
responsável por consideráveis gastos médicos. Crianças prematuras, de
baixo nível sócio-econômico ou com deficiência imunológica parece
estarem sujeitas a doença de maior gravidade. O rotavírus também tem
grande participação nos surtos de gastroenterite hospitalar.
Agente etiológico
- é um RNA vírus da família dos Reoviridae, do gênero Rotavírus. São
classificados sorologicamente em grupos, subgrupos e sorotipos. Até o
momento 7 grupos foram identificados: A, B, C, D, E, F e G, ocorrendo em
diversas espécies animais, sendo que os grupos A, B, e C são associados
a doença no homem. O grupo A é o de melhor caracterização, predominando
na natureza, associado a doença no homem e em diversas outras espécies
animais.
Alimentos associados - água e alimentos contaminados e pessoa-a-pessoa, por via fecal-oral.
- Norwalk vírus - Norovirus
Descrição da doença
- gastroenterite viral, gastroenterite não bacteriana aguda,
intoxicação gastrointestinal e/ou alimentar são os nomes comuns
atribuídos à doença causada pelos vírus Norwalk, uma espécie do gênero
Norovírus (anteriormente chamado de Norwalk-like) da família
Caliciviridae. A doença é auto-limitada, moderada e caracterizada por
náusea, vômito, diarréia e dor abdominal. Dor de cabeça e febre baixa
podem ocorrer. A dose infectante é desconhecida, mas presume-se ser
baixa. Uma doença moderada e breve normalmente se desenvolve 24-48 horas
após ingestão de alimento ou água contaminada e dura de 24-60 horas.
Doença severa ou hospitalização é muito rara.
Agente etiológico
- vírus Norwalk, espécie do gênero Norovírus, da família Caliciviridae.
O vírus Norwalk é o protótipo de uma família de pequenas estruturas
virais (SRSVs) classificadas como calicivirus. Eles contêm uma fita de
RNA de 7.5 kb e uma única proteína estrutural de cerca de 60 kDa. As
partículas virais de 27-32 nm têm uma densidade flutuante de 1.39-1.40
g/ml em CsCl. A família consiste de vários grupos de vírus distintos
sorologicamente que foram nomeados pelos lugares onde os surtos
aconteceram.
Alimentos associados - Moluscos
e ingredientes de salada são freqüentemente os alimentos mais
implicados em surtos. A ingestão de ostras e moluscos crus ou
insuficientemente cozidos em vapor é de alto risco para a infecção com
vírus. Outros alimentos que não moluscos, geralmente são contaminados por manipuladores de alimentos doentes.
Descrição da doença – Poliomielite é
uma doença aguda, causada por um vírus, de gravidade extremamente
variável e, que pode ocorrer sob a forma de infecção inaparente ou
apresentar manifestações clínicas, freqüentemente caracterizadas por
febre, mal-estar, cefaléia, distúrbios gastrointestinais e rigidez de
nuca, acompanhadas ou não de paralisias.
Agente etiológico - é
um vírus composto de cadeia simples de RNA, sem envoltório, esférico,
de 24-30 nm de diâmetro, do gênero Enterovírus, da família
Picornaviridae. Ao gênero Enterovírus pertencem os grupos: Coxsakie (A
com 24 sorotipos e B com 6 sorotipos), Echo (34 sorotipos) e Poliovírus
(3 sorotipos). Os três sorotipos do poliovírus,
I, II e III, provocam paralisia, sendo que o tipo I é o isolado com
maior freqüência nos casos com paralisia, seguido do tipo III. O
sorotipo II apresenta maior imunogenicidade, seguido pelos sorotipos I e
III. A imunidade é específica para cada sorotipo. Possui alta infectividade,
ou seja, a capacidade de se alojar e multiplicar no hospedeiro é de
100%; possui baixa patogenidade 0,1 a 2,0% dos infectados desenvolvem a
forma paralítica (1:50 a 1:1000), ou seja, tem baixa capacidade de
induzir. O vírus resiste a variações de pH (3,8 a 8,5) e ao éter. É
inativado pela fervura, pelos raios ultravioleta, pelo cloro (0,3 a 0,5
ppm) e na ausência de matéria orgânica.
Alimentos associados - alimentos, água etc., contaminados com fezes de doentes ou portadores.
3. FUNGOS/MICOTOXINAS
- Aflatoxinas e outras micotoxinas
Descrição da doença
- Aflatoxicose é uma intoxicação resultante da ingestão da aflatoxina
em alimentos e rações contaminadas. As aflatoxinas são um grupo de
compostos tóxicos produzidos por certas cepas dos fungos Aspergillus flavus e A. parasiticus.
Em condições favoráveis de temperatura e umidade, estes fungos crescem
em certas rações e alimentos, resultando na produção das aflatoxinas. As
contaminações ocorrem com maior intensidade em nozes, amendoins e
outras sementes oleosas, incluído o milho e sementes de algodão. As
principais toxinas de interesse são designadas de B1, B2, G1 e G2. Estas
toxinas são geralmente encontradas associadas em vários alimentos e
rações, em diferentes proporções. Entretanto, a aflatoxina B1 é
geralmente predominante, sendo também a mais tóxica. A aflatoxina M, o
principal metabólito da aflatoxina B1, em animais, é geralmente
excretada no leite e urina de vacas leiteiras e outras espécies de
mamíferos que tenham consumido alimento ou ração contaminada por
aflatoxina. A aflatoxina causa necrose aguda,
cirrose e carcinoma de fígado em diversas espécies animais. Nenhuma
espécie animal é resistente aos efeitos tóxicos da aflatoxina,
assumindo-se que humanos possam ser igualmente afetados. A aflatoxina B1
é potencialmente carcinogênica em muitas espécies, incluindo primatas,
pássaros, peixes e roedores. Em cada espécie, o fígado é o primeiro
órgão atacado. Em países desenvolvidos, a contaminação por aflatoxina
raramente ocorre em alimentos, a ponto de causar aflatoxicose aguda em
humanos. Além de sua associação com doença do fígado, as aflatoxinas
podem afetar o rim, baço e pâncreas. Há várias micotoxinas com
propriedades tóxicas aguda, subaguda ou crônica que podem produzir
doenças no ser humano. Por serem resistentes ao calor representam um
grande risco quando presentes no alimento. As
fumisinas, presentes em produtos à base de milho, têm sido associadas a
câncer de esôfago. Outras variedades de micotoxinas podem provocar
hiperestrogenismo ou dores de cabeça, alergias, redução da imunidade,
dentre outros danos.
Agente etiológico - a toxina denominada aflatoxina produzida pelos fungos Aspergillus flavus e A. parasiticus e outras espécies de micotoxinas produzidas por Fusarium e Penicillum.
Alimentos associados - aflatoxina
tem sido identificada em milho e seus derivados, amendoins e seus
derivados, sementes de algodão, leite, nozes pistaches,nozes
brasileiras, pecans e outras espécies. Outras micotoxinas são
encontradas também em outros grãos, no café, tomate, uva, etc..
CONCLUSÃO
Registros
epidemiológicos revelam que a maioria dos surtos de doenças de origem
alimentar é causada por alimentos preparados em serviços de alimentação.
Tais surtos decorrem, principalmente, da contaminação de alimentos por
bactérias como: Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, Salmonella sp., Yersinia enterocolitica, Escherichia coli e Shigella sp.,
dentre outras. O controle da contaminação dos alimentos por
microorganismos deterioradores e patogênicos nas operações de serviços
de alimentação é difícil e complexo devido à grande variedade de
alimentos preparados e à necessidade da rápida utilização dos mesmos,
não havendo tempo para análises. Há também o risco potencial de os
manipuladores de alimentos se constituirem em portadores sadios de
microorganismos patogênicos.
O
pré-tratamento nos alimentos pode modificar o número de microrganismos
presentes por diversas formas, tais como: eliminação ou destruição de
certas espécies, adição de outras espécies, e alteração da ação de
enzimas. A lavagem, de acordo com a qualidade da água, pode remover
organismos da superfície dos alimentos, ou também adicioná-los ao
alimento, caso a água esteja contaminada. A uso de antissépticos ou
germicidas concomitante à lavagem pode reduzir a proporção de
microrganismos no alimento. Radiação e outros pré-tratamentos reduzem o
número de microrganismos, sendo até seletivo para certas espécies.
Temperatura alta destrói a maioria dos microroganismos.
.Portanto, a
boa qualidade da água utilizada, a sanitização do local de preparo, dos
utensílios, dos próprios alimentos além da boa saúde e higiene dos
manipuladores, são condições fundamentais e imprescindíveis para a saúde dos consumidores.
BIBLIOGRAFIA
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